quinta-feira, 7 de junho de 2007

Parei de ler! 2

Por Luemano Zangief

E quanto aos filósofos, pensadores, neo-pensadores, “estudiosos”, teoristas, enfim, e quanto ao que estes escrevem? Quando me perguntaram quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha, aos meus sete anos respondi prontamente “O ovo! Já existiam dinossauros e espécies mais primitivas que a galinha, que já botavam ovos, antes do surgimento das galinhas!” Vai dizer que ninguém, enquanto criança nunca se deparou com a realidade de que você está fadado a fazer escolhas, sendo a Liberdade, portanto, um cárcere, como enfatiza Sartre? Aos meus nove anos eu calculei isso: “oras, até se eu deixar minha responsabilidade para as outras pessoas, eu estarei fazendo a escolha do não-escolher”. Também aos nove anos cogitei: “e se tudo o que eu vivenciei e aprendi não passa de ilusão, de um mal-entendido ou até mesmo um sonho? Só a certeza que eu tenho é a de que eu existo” e isso não é Descartes?
Aos onze, mesmo sem a perspectiva e o fundamento da História, já pensei como Marx: “ué, mas se existe uma pessoa que manda em várias que trabalham e ganha dinheiro do trabalho delas, porque que essas pessoas não se juntam e trabalham em prol de si mesmas?”.
Por isso que me toquei de um fato que muitos chamarão de pretensão, mas eis que eu afirmo que não sou eu o pretensioso, mas sim TODOS que se subestimam, menos eu! Nós todos somos muito inteligentes! Só não escrevemos! Os que escrevem são mais poéticos, usam da literatura descritiva... Eis o título mais clichê que eu conheço: “A verdadeira definição do amor”. Muitos se esforçam em descrever o amor. Outros se esforçam em mostrar o quão inefável ele é, enfim há de tudo. Mas vocês já leram um escritor que AFRONTA o amor e nega ou fica numa posição agnóstica quanto ao fato de o Amor ser uma coisa boa? Eis-me aqui! A nossa cultura nos fez assim: gente que não contesta!
Voltando à pergunta de por que as pessoas não escrevem. Creio que há também toda a questão acadêmica. Se você tem mestrado, doutorado, você pode falar até grandes burradas e passar despercebido, por entre milhares de vocábulos complexos, frases de 10 linhas, se auto-citar na sua tese e ainda dizer para quem te conteste “Eu sou doutor, estudei isso a minha vida inteira, você acha que eu não entendo disso?” sendo que muitas vezes é o olhar ingênuo que causa grandes revoluções!
Portanto, caros leitores, não é porque me falta cultura que não leio. É justamente a vastidão dela! Não pretendo posar de que creio que minha vida vai mudar com um livro na mão (Vide Diego Alemão e seu “Arte da Guerra” de Sun Tsu, que realmente é um livrão. Será que ele está disposto a tão grande choque cultural para seguir as propostas do general?). Ou pior ainda: posar de erudito, lendo “Capitães da Areia” como se o fato de o escritor TER SIDO aclamado há séculos fosse acrescentar na minha vivência e no meu intelecto! “Esses escritores são inteligentes?”, vocês me perguntam. Eu respondo: “Até são, mas eu também sou e se você contestar o mundo, você também será!”Peace out

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